Roxx Family

Cobraram-me um post em primeira pessoa e aqui está ele. Falarei sobre algo que aconteceu há muito tempo, muito tempo mesmo, e espero que todos os envolvidos, ou a maioria, possa ler e relembrar comigo.

Eu estava começando a me descobrir, decidir quem eu queria ser e a tentar conciliar com quem eu era. As tentativas foram tantas que cheguei a perder as contas. Tentei me encaixar no "clube das patricinhas", tentei ser clubber, tentei ser o tipo de garota que tem milhares de amigas e faz festas de pijama e come brigadeiro falando sobre os garotos. Tentei ser popular (nessa eu falhei miseravelmente) e tive pessoas, ou melhor, uma pessoa que passou comigo por todas essas fases, e sim, é você mesma, a que ia no show do Hannas comigo e caía de joelho no palco, a que jogava pipoca no cinema e a companheira de tardes no telefone e de broncas por isso. Mas acabamos percebendo que nada disso funcionava. Não combinávamos com saltos altos, montes de amigas, baladas todo o fim de semana e fofocas. Simplesmente não nos encaixávamos. Acabamos descobrindo que éramos mais o tipo tênis, calça jeans e camiseta. Do tipo que ama música, e que gosta daquelas que simplesmente te fazem sentir alguma coisa, não importando qual seja. E uma banda em especial acabou nos juntando com outras pessoas desse mesmo tipo. Good Charlotte foi ela.
Através de fotologs e grupos do msn e blogs acabamos descobrindo várias amigas e alguns amigos. E numa conversa acabamos fundando uma família.
Roxx Family era o nome, e se não foi a primeira, foi uma das primeiras "famílias de internet" existentes. Pode parecer besteira para quem lê isso e não estava com a gente, mas não era.
A Roxx foi uma das coisas mais encantadoras e perfeitas que eu tive na vida. Um grupo de amigos verdadeiros. Nós éramos, acima de tudo, unidos.
Os planos de invadir backstage e as fics sobre como conquistaríamos os nossos "ídolos" da época eram milhões, e as conversas sobre isso se extendiam por madrugadas e madrugadas... as risadas eram inevitáveis e a quantidade de asneira que falávamos era tão absurda que chegava a ser incalculável, mas já havia se tornado uma parte de mim.
Foi com eles que eu troquei minhas primeiras cartas pelo correio e foi com eles que eu percebi o quanto a música pode juntar as pessoas. Éramos extremamente diferentes, na roxx existiam todos os tipos de pessoas imagináveis e mesmo assim éramos grandes amigos. E o mais importante, sempre estávamos presentes quando um de nós precisava de ajuda. Fosse para aconselhar, para ouvir, para dar risada junto ou para dar sermão. Sempre estávamos por perto.
Com o tempo ela foi crescendo e crescendo, e, no começo, isso foi bom, até que as coisas extrapolaram e de repente, os "veteranos" já não conheciam mais nem metade da família, as pessoas se auto-intitulavam membros e nós nem as conhecíamos. E foi por isso que a nossa tão perfeita família se desfez. Mas eu acredito, que ela só tenha se desfeito no nome, nas reuniões semanais e nas comunidades/fotologs/blogs que possuíamos, porque posso dizer, sem medo de estar errada, que alguns dos meus grandes amigos foi nela que eu conheci.
Eu ainda sinto falta das besteiras, das conversas, dos planos de se encontrar, mesmo cada um sendo de um lugar diferente do Brasil, do apoio e da sensação de que eu nunca estaria sozinha, sem importar onde eu estivesse, eu sempre teria um amigo para me apoiar, ou melhor, uma segunda família lá para me apoiar.
Eu nem sei porque esse post começou a ser escrito, só senti muita vontade de relembrar de todos os momentos que tivemos juntos, e mesmo não sendo capaz de citar todos, um por um, vocês se lembrarão, cada um se lembrará de um momento específico e é por isso que eu digo, que a roxx nunca vai se extinguir de verdade. Ela já se tornou uma memória importante para todos nós, ou pelo menos para mim, e ela continua viva em todos nós.
E por fim, para todos os membros, todos os cunhados/irmãos/maridos/afilhados/filhos/vizinhos, queria que soubéssem que sempre estarei por aqui, e que todas aquelas promessas de "cus forever" e "filha do tum tum" e todas aquelas coisas não foram ditas da boca para fora. Vocês sempre serão parte de uma família para mim. A família mais indescente e foda de todas!

"Some friends become your enemies, some friends become your family!"


PS: desculpem se existem muitos erros, eu escrevi e não li de novo, achei que assim ficaria mais autêntico. E desculpem pela simplicidade, a roxx merecia um texto digno do melhor escritor, mas eu fiz o melhor que pude.

Always

O medo preenchia todo o seu corpo. Tudo havia mudado, e as certezas já não existiam. Até a sua oitava série sempre havia o próximo ano. Até o seu terceiro ano sempre havia o próximo. No terceiro, havia o estágio, e agora? Este estava pré-arranjado, faculdade, trabalho, mas e depois?
Ele estava vendo a pessoa mais importante do mundo ir embora e sentia-se feliz por ela, era seu sonho, mas sentia-se triste também, por não poder compartilhá-lo. As inseguranças voltaram, e todas as besteiras ditas e feitas que chegaram a magoá-la um mínimo que fosse foram lembradas e remoídas por ele. Sentia que se nada daquilo tivesse acontecido não precisaria ter medo, mas sabia que isso não era verdade.
Nessas horas queria ser confiante, quase arrogante, a ponto de achar que não existia pessoa melhor no mundo, mas não era assim. Ele sabia que estava longe de ser um dos melhores, muito longe e isso só fazia seu medo crescer, porque ela era A melhor.
As idéias se confundiam e no fim das contas ele não conseguia chegar a conclusão nenhuma, só continuava com aquele maldito medo que não o deixava em paz. Queria esquartejá-lo e mandá-lo para outra galáxia, e mesmo quando o fazia, o medo voltava.
Descobriu por fim que ele sempre estaria ali, que teria que aprender a conviver com ele, e a confiar, plenamente e cegamente, senão as coisas não funcionariam. Tentaria, com todas as suas forças, porque era uma das coisas pelas quais mais valia lutar. E sabia que dessa vez, não lutaria sozinho, de agora em diante, sempre estariam juntos. SEMPRE.

Unicamp 2009

A ansiedade foi crescendo e crescendo e a cada vez que atualizava a página seu coração batia mais forte, mais desesperado por uma resposta. O tempo não passava, o trabalho simplesmente não rendia, ela só queria a resposta, fosse boa ou ruim, o que não agüentava mais era permanecer em dúvida. E de repente os tão esperados espaços de busca apareceram e foi aí que ela sentiu que seu coração sairia pela boca, de tão desesperado que estava. Digitou seu nome e clicou para ver o resultado. E lá estava, "CIÊNCIAS SOCIAIS - NOTURNO -- CONVOCADO", e ela sentiu o mundo saindo de suas costas, sentiu que flutuava, ou andava nas nuvens. Aquela palavra piscando enchia seus olhos , aquela palavra gerava uma vontade imensa de gritar e sair pulando de felicidade. Mas depois de um tempo, depois que a euforia inicial passou, o coração apertou e os olhos desfocaram. Ela havia conseguido o que muitos matariam para ter, ela havia entrado em uma das melhores faculdades, mas não conseguia se sentir plenamente feliz. Sentiu-se incapaz e fraca, teve vontade de gritar novamente, mas dessa vez gritar de raiva, porque seu sonho estava fora do alcance de suas mãos por mais um ano, sentiu-se presa e fraca, chorou por horas e horas. Mas depois do desespero inicial, a felicidade voltou e percebeu que havia conseguido muito, dentro das circunstâncias, muito mais do que a grande maioria dos outros, percebeu que mesmo depois de todos os problemas e de todas as dores de cabeça era melhor do que muitos, inúmeros, e seu segundo lugar no vestibular de Ciências Sociais a fez sorrir de novo. Não era exatamente o que ela queria, mas era muito melhor do que esperava. E apesar do medo, decidiu que se jogaria de cabeça nesse mundo totalmente desconhecido, e que se esforçaria como nunca antes para no ano que vem, ter que passar por tudo de novo, dessa vez, no lugar dos seus sonhos.

2008


Acabei percebendo que nenhum texto ou post sobre o ano passado foi escrito e acabei decidindo por tentar escrevê-lo. Mesmo sabendo que nada do que eu disser será suficientemente bonito, horrível ou intenso para descrever tudo o que passei. Não custa tentar, acho que preciso disso para deixar todas as coisas ruins dele para trás e para guardar na memória todas as boas. Vamos lá.

2008. 
Ano que começou com brigas em família, com picuinhas e com problemas, acabou se desenrolando em dívidas e mais problemas. Ano que ganhou para si milhares de planos e sonhos da minha admirável imaginação, mas que acabou fracassando em todos eles, as viagens não foram feitas, as aulas de canto não foram assistidas, o vestibular não foi como eu gostaria, nem o namoro se livrou desse ano de terríveis decepções. Tornei-me, por diversas, inúmeras eu diria, vezes alguém que mal conseguia reconhecer, alguém que eu detestava e cujas atitudes eram repugnantes, acabei quase perdendo as coisas mais importantes da minha vida atual por isso. Em contraposto ganhei novos amigos, novos excelentes amigos, e fortaleci as antigas amizades. Descobri nesse ano o verdadeiro significado de dois indivíduos se considerarem irmãos, mesmo tendo nascido em famílias diferentes. Tive provas de que as verdadeiras amizades não enfraquecem com as distâncias, com a falta de contato, com o tempo, alguém me provou que essas amizades sempre se fortalecem, com circunstâncias ruins ou boas, tudo serve para aumentá-las e dar-lhes forças. Percebi o quanto sentia falta de conversar com alguém até perder a noção do tempo. Percebi quão bom é ter alguém para conversar sobre o que você quiser, sem medo de ser criticada ou de acabar ganhando conselhos absolutamente sem sentido. Vi que você pode sim, levar anos para construir uma amizade, mas que algumas simplesmente caem de para-quedas na sua vida, e como é bom ser surpreendido por elas. Acabei descobrindo que algumas pessoas eram muito mais parecidas comigo do que eu jamais imaginaria, e que eu poderia contar com elas, mesmo que não exista aquela amizade na qual as vidas são livros totalmente abertos e sem segredos, descobri que se realmente precisasse elas estariam ali, do meu lado, sempre, do mesmo jeito que eu também sempre estarei.
Minha família enfraqueceu e acabou se fortalecendo mais do que nunca. Acabei descobrindo que depois de passar por tempos realmente difíceis juntos, as pessoas tendem a confiar e a se entregar mais umas às outras.
Meu namoro acabou tendo mais baixos do que altos, por culpa de ambos, mas talvez mais por minha culpa. Acabei fazendo coisas que sempre achei estúpidas demais para serem feitas, fui impulsiva demais quando precisava parar e pensar e impulsiva de menos quando tudo o que precisava ser feito era agir. Magoei e fui magoada, deixei meus medos e minhas inseguranças tomarem conta de mim e deixei de confiar absolutamente em alguém que nunca tinha me dado motivos para fazê-lo. Seria até hipócrita da minha parte dizer que não me arrependi, porque me arrependi e muito. Chorei até dormir de cansaço por várias noites e me corroí por dentro, mas sei que ao passar por tudo isso fiquei mais forte e talvez mais madura para encarar certas coisas. E acabei ganhando um segunda chance, nós ganhamos uma segunda chance.
Fui surpreendida por várias vezes e pude sentir aquela coisa inexplicável, que simplesmente tomava conta de mim, e maravilhosa de quando você percebe que alguém se lembrou de você e se deu ao trabalho de te surpreender só para ver sua cara de espanto, seu sorriso bobo e suas lágrimas de gratidão. Redescobri o quanto um abraço de verdade conforta, e que uma tarde sem fazer absolutamente nada, uma tarde em silêncio com um amigo de verdade pode ser simplesmente a melhor tarde.
Descobri que churrascos não necessariamente precisam ter música ruim, e que você faz suas próprias festas, do jeito que desejar. Descobri que um violão e amigos me atrai muito mais do que bebidas e futilidades. Redescobri a importância da música na minha vida. Sinceramente, foi ela que me deu forças em todos os segundos do meu ano.
Em 2008 eu ri, chorei de felicidade e de tristeza e até de desespero, caí milhares de vezes mas  em todas elas fui capaz de me reerguer, e sempre que precisava de uma mãozinha alguma daquelas pessoas estavam lá para me ajudar. Cantei, dancei e fiz idiotices (inúmeras). Tomei chuva e percebi que ela realmente me fazia bem, que ela literalmente me lavava a alma. Fui forte e fraca, me iludi e me decepcionei. Surpreendi-me com alguns, e previ outros. Fui inexplicável e previsível, fui intensa e sem graça. Fui amiga, irmã.
2008 foi provavelmente o ano mais intenso de todos os meus quase 19 anos, foi o pior deles sem dúvida, o mais difícil, o mais exaustivo e o mais irritante, mas também foi o mais surpreendente, o mais verdadeiro e sincero.
Mas sem dúvida nenhuma as duas coisas mais importantes nele são as que aprendi e que espero nunca esquecer:
Primeiro, que os amigos são realmente sua segunda família, e que se você tiver uns poucos e bons você não precisa de mais nada para seguir em frente. E modéstia a parte descobri que os meus sãos os melhores de todo o universo (porque o mundo é simplesmente pequeno e vazio demais para ser usado como parâmetro).
E segundo, acabei percebendo que quem cai com mais facilidade não é mais fraco ou menos determinado do que os que demoram a cair, talvez, os que caem com facilidade sejam até mais fortes, porque eles precisam se reerguer com mais freqüência, e com certeza é preciso mais força para levantar do chão do que para se manter em pé.

Por fim e atrasado só queria agradecer aos citados no post (cada um deles sabe que parte lhes foi dedicada) por tudo. Até pelos momentos ruins. Vocês fizeram parte de um dos anos mais inesquecíveis da minha vida, e todos, sem exceção me proporcionaram os bons momentos dele, os que eu quero guardar senão na memória, em palavras para sempre. Muito Obrigada.