Silêncio

Ela estava sentada à beira de um lago, um dos seus refúgios preferidos, o lugar onde gostava de ir quando precisava de si mesma. Não pensava em nada, e na realidade estava pensando em tudo, com o vento batendo no rosto e aquele cheiro de chuva chegando. De repente ela ouve passos atrás de si e se dá conta de que ele está vindo em sua direção. Mil coisas se passam em sua cabeça, desde o sonho mais fantástico à idéia mais pessimista, mas ela não consegue decidir o que fazer e fica ali parada, sem reação, esperando.
Ele se senta ao seu lado em completo silêncio e os dois ficam ali, sem trocar uma palavra ou olhar, como se fossem completos estranhos. De repente sentem gotas de água molhando seus rostos, e a chuva, que tanto demorara a cair, parecia decidida a se mostrar naquele momento, mas os dois permaneceram sentados, imóveis e mudos. Depois de muito tempo a chuva começa a diminuir e dá sinais de que cederá em pouco tempo.
Os dois se olham simultâneamente, ele ameaça abrir os lábios para falar algo, mas ela não permite. E os dois permanecem ali, se olhando, pensando exatamente a mesma coisa, e sabendo disso, mas também percebem que palavras só estragariam aquele momento. As palavras trariam toda a fantasia que haviam criado naqueles segundos para a realidade e não seriam capazes de reproduzí-la, então eles simplesmente ficam ali, em silêncio, e descobrem que ele é a melhor descrição para o que sentiam, pois não existia palavra suficientemente forte ou bonita e esta nunca viria a existir.

Chuva

A chuva começa a bater na janela e aquela sensação de calma e de alívio vai tomando conta do seu espírito. Parece por alguns segundos que todos aqueles problemas se dissolveram na água e nunca mais aparecerão para importuná-lo. Ele fecha os olhos e respira fundo. Sobe aquele cheiro de terra molhada, sente aquele ar úmido e suave, era exatamente daquilo que precisava.
Sai pela porta e sente as primeiras gotas baterem contra o seu rosto, não consegue se conter e deita no chão, sentindo a água batendo por todo o seu corpo e lavando sua alma. Começa a sentir os ossos gelados, mas não se importa, a sensação de paz que aquela chuva lhe proporciona é impagável, insubstituível, imbatível. Naquele momento, sente que ninguém nunca vai conseguir lhe derrubar.
De repente, a chuva começa a diminuir, diminuir, e para. Ele volta para dentro do seu quarto, toma um banho quente e assim que cai na cama adormece. Agora sua insônia havia acabado. A chuva destruiu todos os seus problemas e por algumas horas fez da sua vida, a vida perfeita.

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