Mundo Novo

Ela caiu de pára-quedas. Mal sabia por onde começar ou como começar, não entendia absolutamente nada sobre aquilo e todos os seus anos de leituras e estudo não a ajudariam naquele momento, não ali. As primeiras semanas foram difíceis, ela chegou a pensar que não serviria para aquilo, mas com o tempo isso mudou. Aos poucos os sorrisos a cativaram. Em poucas semanas já sentia falta daqueles seres pequeninos. Já distingüia choros de fome e de frio, de dor e de birra. Já se importava tanto a ponto de travar a coluna de preocupação. As brincadeiras ficaram cada vez mais divertidas e ela percebeu que apesar de cansativo, era um trabalho extremamente divertido. Onde mais imitaria gatos e sapos e poderia dançar e pular feito criança novamente sem ser julgada por isso? Onde mais encontraria um emprego no qual grande parte se resumia a brincar?
Descobriu por fim que não só agüentaria, como gostava daquilo. Brincar de achei e de o mestre mandou e ninar uma criança a faziam esquecer dos problemas por alguns instantes. Ela percebeu que tendo dois mundos distintos era capaz de se organizar. Quando em um, o outro era completamente esquecido, e vice-e-versa. E este mundo tão diferente e divertido, sempre a fazia sorrir. Nele ela finalmente tornou seu maior sonho realidade. Nele ela finalmente voltou a ser criança e a voar com sua imaginação.

Liberdade?

É decepcionante descobrir que as pessoas das quais você geralmente espera mais diálogo, das quais você espera uma mente aberta e sem preconceitos e sem repressões as opiniões alheias são aquelas das quais você menos recebe isso.
É vergonhoso votar a favor de algo sobre o que você não sabe, concordar ou discordar de uma proposta sem ao menos ter argumentos, válidos ou não, mas formulados por você e não vindos de uma cartilha qualquer.
É estranho que o lugar onde teoricamente as pessoas mais tem espaço e liberdade para se expressar, onde se prega a tal da "liberdade total de expressão", a "igualdade" e a tal da "democracia", seja o lugar no qual todos te reprimem por ir contra a maioria, seja o lugar no qual você é interrompido durante uma fala em debate, que novamente em teoria deveria ser um espaço de discussão democrático, pelo simples fato de ser contra o que a "mesa", ou no caso, os "mais velhos" defendem.
É assustador perceber que algumas pessoas, sem generalizações, não acham que a decisão sobre entregar ou não um trabalho pré-definido deve ser comunicada ao professor pela própria sala encarregada de entregá-lo, mas sim por "pessoas mais experientes", que nunca mais terão aulas com o mesmo, alegar que "a gente vai lá e fala que não deixou vocês virem", como se não possuíssemos vontade própria e fôssemos marionetes, o que no fim das contas, acabamos nos tornando por falta de articulação dos contrários à pseudo-maioria.
Manifestação não é sinônimo de greve. É possível fazer barulho sem se prejudicar e sem prejudicar os que são contra a greve. O que falta é abrir a mente e pensar em todas as alternativas. Já que a bomba é tão grande, ou a maior desde muito tempo, as atitudes corriqueiras não vão funcionar. E aqui contra alguém que disse que: "Não tem necessidade de pensar todas as alternativas". Tem necessidade sim! Sem pensar todas as alternativas, perde-se argumento, perde-se credibilidade. É preciso prever as conseqüências e as ações de resposta, senão, quando elas chegarem, ninguém saberá o que fazer.