
Ela continuava sentada ali, como se nada ao seu redor importasse, aparentemente em outro mundo, sorrindo e chorando e fazendo caretas como se estivesse sentindo dores muito fortes. Quem a observava a achava louca, no mínimo estranha, mas nenhuma daquelas pessoas era capaz de entender o poder que um livro e uma boa história tinham sobre ela.
Eles eram seu refúgio, cada um daqueles punhados de páginas impressas comportava um novo mundo, cheio de emoções novas e aventuras, ou mundos já há tempos conhecidos, que eram como um lugar familiar e aconchegante quando ela se sentia deslocada.
Aquelas palavras enchiam seus olhos de novas pessoas, novas paisagens, novas luas e estrelas, novos pontos de vista e opiniões. Eles eram novas experiências, eram novo conforto, eram conhecimento, coisa que ela apreciava acima de todas as outras.
Fossem aquelas palavras teorias mirabolantes dos mais brilhantes filósofos ou descrições elaboradas de cenários dos maiores romancistas, ou simples palavras, elas sempre haviam sido as melhores amigas, e ela descobria agora (ou redescobria) que não só as palavras não escritas, aquelas que ela podia manejar e organizar como bem entendia para expressar seus sentimentos, mas aquelas palavras já impressas, organizadas por um outro alguém que ela nunca havia visto, aquelas presas entre as capas de um livro, eram suas melhores e mais fiéis amigas.